Procurando alguma coisa?

Crônicas

Ruas

Um ser humano anda por muitas ruas na sua caminhada na vida. Uma determinada rua pode ser percorrida inúmeras vezes sem nada acrescentar nos campos do amor e do conhecimento. Surge então uma questão: para que serve esta rua? Não sei responder esta pergunta. Mesmo assim, arrisco-me a dizer que talvez elas nos ensinem uma lição preciosa, pois estas ruas levam um ser humano a perder precioso tempo da sua existência sem nada de útil produzir, por não saber escolher a rua que caminha. Não se deve perder tempo caminhando por este tipo de rua, a não ser para construir escolas e restaurantes, enriquecendo a rua.

Existem ruas que são afetadas pelas tempestades e até por chuvas ligeiras e fracas. Chuvas normais tornam algumas ruas intransitáveis, causando transtornos às pessoas que nelas trafegam. Por não oferecerem segurança a quem nelas trafega, este tipo de rua apenas recebe o tráfego de quem não a conhece.

As ruas sem saída são utilizadas apenas pelos que moram ali e pelas pessoas que vão visitá-los. Algumas vezes, podem ser utilizadas pelos que não as conhecem e pensam que trafegando por elas atingirão os lugares que buscam, mas logo se dão conta que é uma rua sem saída. Neste caso, só lhes resta dar meia volta e buscar outras ruas para chegar onde desejam.

Existem ruas barulhentas, recebem tráfego intenso, de dia e de noite, não oferecem descanso nunca. Neste tipo de rua não se escuta o canto dos pássaros, o farfalhar das árvores, o barulho da chuva a cair, enfim, não se escuta a natureza, apenas os ruídos artificiais criados pelos seres humanos. Não gosto de ruas assim, elas deixam o espírito atordoado, não permitem ver as coisas interiores, prendem a atenção nos barulhos exteriores que nada produzem, apenas atordoam a alma. As ruas barulhentas existem nos grandes centros urbanos, seu habitat natural.

Existem ruas calmas, repletas de jardins e pomares, nelas os pássaros cantam e fazem seus ninhos, escutamos o vento a balançar os galhos das árvores, ouvimos o som da chuva a cair e sentimos o cheiro da terra molhada pelos primeiros pingos que atingem o solo. Estas ruas possibilitam o vôo da alma por mundos ignotos, ativam o processo criativo. Existem poucas ruas assim, portanto, quando encontrar uma, construa nela a sua morada para a eternidade.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
Maria Farinha, 21 de agosto de 2010.
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