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Crônicas

Zanga

Existem pessoas que estão sempre com uma máscara de zanga afivelada no rosto, estão constantemente de mau humor, têm acessos de cólera diante da menor dificuldade, não percebem que este seu comportamento afasta as pessoas do seu convívio. Durante anos convivi com uma destas pessoas e percebi que ela tinha consciência do seu modo de agir, isto é, sabia que a sua maneira de se comportar afastava as pessoas do seu convívio. Pelo que pude perceber era um mecanismo de defesa usado por ela para manter as pessoas afastadas, não sei a razão de ela adotar tal mecanismo para se defender, nem as causas desencadeadoras deste mecanismo. Certa vez sugeri a esta pessoa procurar ajuda profissional para vencer suas dificuldades de relacionamento, o que me rendeu uma enorme descompostura. Sou um sem-vergonha, pois já recebi vários fora por me meter onde não sou chamado.

Quando eu me zango perco a capacidade de raciocinar com clareza e corro o risco de dizer coisas impensadas que podem causar estragos nos meus relacionamentos. Certa vez li uma sugestão para evitar dizer besteiras quando fico zangado. Quando sentir que estou perdendo o controle das minhas emoções, peço para sair por um instante. Ir ao banheiro é uma boa desculpa, aproveito a pausa para fazer alguns exercícios de respiração, dar alguns comandos mentais de calma para mim mesmos e quando sentir que estou calmo, eu retorno para a reunião.

Existem algumas ocasiões em que é necessário usar certa dose de energia para fazer valer nossos direitos, mostrar nossa indignação diante de certos acontecimentos. Mas usar energia não significa gritar, falar palavrões, perder o controle, agredir as pessoas. Estes são os recursos usados por aqueles que não sabem enfrentar as suas dificuldades ou sabem estar errados, então tentam se impor pelo uso da violência, sem entenderem que estão dando uma demonstração de fraqueza.

É muito bom conviver com pessoas calmas e tranqüilas, capazes de mostrar a veracidade de seus argumentos através do uso da razão. No convívio com elas nos aprendemos a ver a força construtiva do amor e sentimos o poder renovador da verdade quando esta é dita com serenidade. Esta é a grande lição que somente

conseguimos ensinar para os nossos filhos através dos nossos exemplos.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 30 de junho de 2008.
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