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Crônicas

Urbano

Existem seres humanos que adoram viver nas cidades e, segundo suas próprias palavras, não gostam de mato, negam-se a visitar até praças muito arborizadas e jardins botânicos. Eles gostam da agitação do asfalto e de respirar o ar poluído dos grandes centros urbanos. Quando visitam a orla marítima ficam sentados nos bares localizados no asfalto, pois não gostam de sujar os pés de areia, ficam horrorizados quando vêem alguém suado ou molhado rolar na areia e se levantar parecendo um bife à milanesa. Estas pessoas dizem que são urbanas e não gostam do contato da areia na sua pele, elas são os frutos da exploração imobiliária das nossas cidades, onde não existem mais lugares para as crianças entrarem em contato com a mãe natureza, sujarem as mãos de terra. Acrescente o problema da violência urbana e temos uma receita especial para manter uma boa parte das crianças presas a um vídeo de computador ou televisão. Desde a mais tenra idade estas pessoas viveram trancadas em suas residências e não convivem com a natureza.

Os grandes centros urbanos oferecem as condições necessárias para o desenvolvimento da indústria, do setor de serviços, da ciência e das artes, mas não devem ser transformados em ambientes onde a qualidade de vida dos seres humanos seja colocada em segundo plano, em detrimento do lucro das organizações imobiliárias. O ser humano necessita viver em contato com a natureza, as nossas crianças devem ser educadas em ambientes livres de poluição, onde possam respirar ar puro e crescer com saúde.

Algumas escolas estão desenvolvendo programas para levar as crianças para manterem contato com as plantas e os animais. As crianças que vivem nas grandes cidades só têm contato com galinha na embalagem de plástico quando vão ao supermercado ou cozinhada no seu prato de comida. Já viram animais selvagens no zoológico, mas o seu contato com a maioria dos animais é realizado apenas através de filmes e de fotografias.

Não estou pregando uma volta ao modo de vida do passado, apenas viver o presente sem poluição, com todas as vantagens que o progresso pode nos propiciar. Vamos transformar nossas cidades em lugares aprazíveis onde nossas crianças tenham lugares para brincar e entrar em contato com a natureza. Para que istoaconteça é necessário participar das decisões que afetam o espaço em que vivemos, tais decisões não podem ser deixadas por conta de políticos que vendem sua alma ao diabo e de empresários inescrupulosos que buscam apenas o lucro.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, julho de 2008.
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