O tempo é fugaz, o momento presente transforma-se rapidamente em passado. O tempo é perecível, em fração de segundo o momento presente já é momento passado, já é história, aquele tempo específico já não pode ser mais usado, apenas recordado. Apesar de ser perecível, o tempo é tratado por mim de modo displicente e com desperdício. Eu costumo desperdiçar tempo, infelizmente.
O tempo é a matéria-prima que o ser humano utiliza para a construção de si mesmo. O que eu sou é o resultado da utilização do tempo nas coisas que faço e do tempo desperdiçado em coisas inúteis. Apesar de ser perecível e depois de gasto não pode ser reutilizado, tratamos o tempo com displicência, como se ele fosse coisa sem importância. Por achar que o tempo é abundante e nunca se acaba, eu desperdiço o tempo que me é concedido por Deus para que eu possa eliminar as mazelas que existem na minha alma.
Um dos grandes equívocos que eu cometo é pensar que posso recuperar o tempo perdido, aquele tempo que eu desperdiço porque estou com preguiça, por exemplo, e deixo de fazer coisas que deveriam ser realizadas naquele momento. É verdade que podemos fazer agora coisas que deixamos de fazer antes pelas mais diversas razões, mas o tempo que gastamos agora para fazer estas coisas por termos ficado à-toa por preguiça poderia ser empregado agora para realizar outras atividades. Imagine a seguinte situação: eu deixo de lado a realização de uma tarefa por pura preguiça, só vou cuidar dela quando começo a ser prejudicado pela minha negligência. No momento em que realizo esta tarefa que tive vários dias para fazer e não fiz, surge um problema para resolver e que também pode me causar prejuízos, não posso resolver os dois problemas ao mesmo tempo, só poderei resolver um deles. Só me restará escolher o que provocará o maior dano e arcar com os prejuízos provocados pela minha preguiça.
Existe também o tempo para descansar, recuperar as forças. Quando o tempo de descanso não é respeitado, a criatividade do ser humano decresce. Comigo acontece uma coisa interessante, quando não respeito os limites do meu corpo, gasto três ou quatro horas tentando redigir um trabalho e não consigo. Abandono aquela atividade e vou dormir, quando acordo no dia seguinte consigo concluir otrabalho em pouco tempo. Aconteceu este fato com esta crônica.
João Pessoa, novembro de 2009.