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Crônicas

Telefone Para Mudinhas

Por que razão as mudinhas escolheram o meu telefone para fazer suas ligações? Será que elas acreditam que tenho poderes paranormais e sou capaz de ler seus pensamentos quando elas estão do outro lado da linha? Minhas queridas mudinhas, eu não sou portador de nenhuma paranormalidade, já tentei sugerir aos meus amigos que trabalham em empresas de telecomunicações, em virtude de vocês insistirem em falar comigo utilizando este meio de comunicação, para as companhias telefônicas criarem um serviço especial para as mudinhas, mas eles dizem não existir esta possibilidade no estágio atual da arte e da ciência da telecomunicação. Mas não fiquem tristes, também fui informado de que eles vão desenvolver um telefone acoplado a um teclado, o que for digitado no teclado será transformado em som. Quando isto acontecer vamos nos comunicar através do telefone, vai acabar com o sofrimento de vocês, deve ser terrível ficar com o fone na mão, desejar falar e não conseguir emitir uma palavra. Coitadinhas!

Desde o ano de 2006 que as mudinhas descobriram o meu telefone e fazem as suas chamadas mudas. No mês de Dezembro de 2006, com a finalidade de tentar resolver o problema de comunicação telefônica das mudinhas, escrevi o conto “A Mudinha”. Com relação aos anos anteriores, isto é, nos últimos quatro anos, houve um progresso nas ligações das mudinhas, elas não ligam no período da noite. Também não fazem ligações a cobrar, prática que no passado me obrigou a bloquear este tipo de chamada.

Minhas queridas mudinhas, enquanto as empresas telefônicas desenvolvem um telefone em que as mudinhas falem, coloco o meu apartamento à disposição de vocês para que possam se reunir e conversar através da linguagem dos sinais. Poderemos trocar experiências em vários setores, tenho certeza que aprenderei muito com vocês. E também matarei algumas curiosidades que tenho quanto a alguns atos da vida íntima das mudinhas, mas que não ficaria de bom tom falar aqui destas coisas.

Caso o problema não seja de mudez, também estou disposto a colaborar com vocês. Já entrei em contato com algumas psicólogas e acertei um tratamento para vocês, todas as despesas correrão por minha conta, faço questão absoluta de pagaro tratamento de vocês. Caso o problema não seja psicológico, exista apenas um desejo sexual que vocês não conseguem confessar, aviso que já me aposentei no campo do sexo, agora vivo meditando e escrevendo.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, dezembro de 2009.
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