Procurando alguma coisa?

Crônicas

Reflexões

Tem dia que a alma sente uma aridez como se estivesse no meio de um deserto, sem uma gota de água. Nada sacia sua sede interior e a alma não sabe sequer definir a causa de tal secura. A alma sente falta de alguma coisa, mas não sabe o que é. Não existe angústia ou tristeza, apenas uma insatisfação interior, uma sensação de incompletude, sem que a alma saiba definir o que lhe falta, nada sacia esta sede interior.

Algumas vezes esta secura explode em uma criação artística, outras vezes ela leva a um processo de introspecção. Nesta ocasião a alma pode abranger o infinito ou pode ficar circunscrita a um grão de areia, mas as conseqüências destas reflexões são profundas, provocam mudanças no modo de ver a vida, de se relacionar com o mundo. Em alguns momentos a alma prefere estar sozinha, nada que o mundo tem para oferecer atrai a sua atenção, mas tão logo saia deste estado ela vai para o mundo, a fim de vivenciar o que aprendeu.

Tem dia que a alma está tão luminosa quanto o sol, distribui alegria e calor por onde passa. Distribui a mancheias a sua riqueza para todos os que cruzam o seu caminho, sem nada exigir de quem recebe o que ela dá. A alma sente o prazer de dar as suas riquezas a qualquer pessoa, sem estabelecer condições, é uma oferenda incondicional. A alma nunca é mesquinha, pois ela percebe que quanto mais ela dá mais ela recebe da Vida, maior é a sua riqueza espiritual. Depois que ela experimenta o prazer de se doar, de dar algo de si mesma, a alma encontra o caminho da realização interior e sente Deus em toda parte e dentro de si mesma.

Algumas vezes a alma adota uma atitude mesquinha no seu dia a dia, cuja conseqüência é ofuscar o seu brilho e a sua riqueza interior, mas tão logo experimenta os efeitos dos seus atos, retorna para Luz que é o seu estado natural. A alma que já experimentou os manjares do Céu não se contenta com a comida grosseira da Terra, é como trocar um milhão de coisas por uma unidade desta mesma coisa. Quando a alma descobre as riquezas do Céu, nada a afasta da sua caminhada rumo ao Criador. Ela aprende a distinguir o caminho da realização interior e sabe evitar as veredas que conduzem a lugar nenhum, mas que fascinam os incautos. A alma é Luz e caminhará sempre em direção à Luz Maior.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, outubro de 2006.
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