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Um casebre construído com papelão e galhos de árvores, coberto com folhas de coqueiro, sem água e sem eletricidade, edificado em um bairro pobre de uma cidade nordestina. Ali vive uma família numerosa em estado de pobreza absoluta, sem pão para matar a fome e sem água para matar a sede. As pessoas que ali vivem, apesar da fome e da sede de cada dia, acalentam muitos sonhos, simples reflexos de suas carências. Elas sonham com água para matar a sede, pão para matar a fome, uma roupa para cobrir o corpo e um teto de telhas para abrigá-las. Noutros países os sonhos daquelas pessoas são direitos dos cidadãos garantidos pelo estado.

Uma mansão com mais de mil metros quadrados de área interna construída, rodeada de jardins, piscinas e quadras para a prática de esportes. Sistema interno de televisão para garantir a segurança das três pessoas que ali vivem. Vários empregados trabalham naquela casa para manter o alto padrão de vida daquelas três pessoas. Na garagem seis automóveis dos mais variados modelos e fabricantes oferecem opções para aquela família ir a qualquer lugar com um veículo adequado ao tipo de evento e de terreno. Bebidas variadas e mesa farta são ofertadas aos que visitam aquela família.

Duas realidades tão diferentes em inúmeros aspectos, sob o olhar complacente de uma sociedade que permite alguns dos seus membros morrerem de fome e de sede, enquanto outros vivem como nababos. Não existem mecanismos para reduzir as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres. Aos filhos do nosso Brasil tampouco é assegurado o direito à Vida, esta é uma Pátria ingrata com alguns dos seus filhos. No relacionamento entre os seres humanos de uma mesma nação, assim como no relacionamento entre as nações, as condições desta relação são estabelecidas por aqueles que têm força econômica e força política para impor suas vontades. Os mais fortes esmagam os mais fracos e impõem sua vontade através do uso da força.

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Maridos e esposas, pais e filhos, famílias que vivem na mais completa desarmonia,  seus encontros se assemelham a uma guerra civil. As palavras que uma pessoa dirige para outra são carregadas de ironia e de desamor. As pessoas estão sempre em estado de guerra, os encontros de seus membros se assemelha a uma batalha em que o sarcasmo e outras agressões verbais são as armas utilizadas nos seus combates.

Maridos e esposas, pais e filhos, famílias que vivem na mais completa harmonia, seus encontros nos fazem pensar que saímos da Terra e entramos no Paraíso. O carinho está presente nas palavras, nos olhares e nos gestos que cada pessoa dirige a qualquer outro participante do grupo. Cada membro se preocupa com o outro, as vitórias de cada um são festejadas por todos como se fosse uma vitória pessoal. As derrotas também são divididas tornando seu peso mais fácil de carregar.

Por que os comportamentos são tão diferentes entre estas duas famílias? O que acontece entre os membros de uma família para o amor ou o ódio predominar nos seus relacionamentos? Fico a imaginar como será o relacionamento entre os seres humanos quando reinar a paz e o respeito entre as pessoas e as nações.

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Seres humanos dotados de escassa inteligência, não conseguem desenvolver tarefas complexas. Apesar dos seus esforços não conseguem progredir nos estudos. Têm dificuldade de entender coisas mais complexas. Trabalham em tarefas grosseiras e rotineiras, dificilmente estão de mau humor, são prestativos e gostam de viver.

Seres humanos dotados de inteligência brilhante, eles são capazes de exercer atividades complexas com facilidade. Necessitam fazer poucos esforços para aprender qualquer coisa, desenvolvem com facilidade atividades complexas. O trabalho para eles tem de ser uma atividade desafiante e complexa para manter o seu interesse. Muitos dos representantes deste tipo de ser humano vivem a se indagar: Qual a razão da Vida? E alguns deles nos dão à impressão de detestar o mundo.

Vamos supor que você tem o poder de determinar a inteligência dos seus filhos. Você os faria baldos de inteligência? Caso a sua resposta seja não, então surge uma pergunta: nós somos melhores do que Deus? Inúmeras filosofias e religiões explicam estas diferenças, procure aquela que você julga mais adequada ao seu modo de agir e sentir, mas não deixe de buscar a resposta.

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Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, dezembro de 2007.
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