― Qual é a sua idade?
― Não sei. Olho para meu corpo e vejo um homem na terceira idade, “olho” para minha alma e não sei definir a sua maturidade, apenas sinto-a plena de idéias e projetos.
― O que você quer dizer com isso?
― Sou uma alma jovial, usando um corpo na melhor idade. O que vale para um ser humano: a idade do corpo ou a da alma?
― Lá vem você com seus papos malucos. Você me irrita com estas colocações!
― Você é quem procura conversar estes assuntos comigo. Apesar de conhecer muito bem a minha idade e saber qual vai ser a minha resposta, repete a mesma pergunta quando nos encontramos. Ufa! Meu caro amigo, chego à conclusão que você é um masoquista.
― E ainda tem o atrevimento de me ofender!
― Sinto muito se firo a sua sensibilidade. Eu não consigo entender pessoas como você…
― O que você não entende em mim?
― Você tem uma determinada visão do universo e acha que a sua visão é a única correta, tudo o que é diferente desta sua visão está errado. Este tipo de atitude é terrível, ela limita o progresso do ser humano e o leva a cometer muitos desatinos, tanto no campo da ciência quanto no campo da religião.
― E como você vê a ciência e a religião?
― A ciência e a religião, quando usadas com sabedoria, são duas alavancas que impulsionam o progresso da humanidade. Uma visão equivocada delas pode causar muitos danos, basta uma ligeira passada de olhos na historia da humanidade para entender isto.
―De que modo a ciência causa danos ao ser humano?
― Quando nos deixa extasiados diante de nossas descobertas e esquecemos que somos criaturas, pensamos que somos o Criador e perdemos a perspectiva da realidade.
― E como a religião causa danos ao ser humano?
― Quando nos leva a pensar que a nossa visão religiosa é a única correta. Isto conduz o ser humano ao desamor e o impede de ter uma compreensão maior da Vida.
―Você é contra a ciência e a religião?
― De modo algum! A ciência e a religião, alguém já disse, são as duas asas que nos permitem voar em direção a Deus. Devemos estar atentos apenas para um detalhe: para voar necessitamos destas duas asas em perfeito equilíbrio, quando uma asa é maior do que a outra não existe a possibilidade de voar.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, Fevereiro de 2011.