Peidaram dentro da Kombi
No comecinho da viagem
Foi a maior fuleragem
Que alguém podia fazer
Pois nesse dia chovia,
O vidro tava fechado
E a gente tudo trancado
Com aquele peido a feder
Como são todos suspeitos
Do feito mal educado
Qualquer que fique parado
É porque quer se esconder
E logo o povo reage
E age indiscretamente
Provando que é inocente
Assim como eu vou dizer:
Um abanava de um lado
Enquanto outro engüiava
E todo mundo se olhava
Desconfiado a valer
O motorista arretado
Gritava pra todo mundo
“Se pego esse vagabundo
Eu vou botar pra descer”
O cobrador debruçado
No banco do passageiro
Contava tanto o dinheiro
Dava agonia de ver
Uma madame orgulhosa
Fingia não tá sentindo
E o moleque sorrindo?
Aquele podia ser!
Também havia um velhote
Todo embalado num terno
Dizendo: vá pro inferno
Que só Jesus tem poder!
E um caboclo miúdo
Que alisava o bigode
Fedia mais do que bode
No dia que vai morrer
Havia uma moça bonita
Com um menino de berço
Ela rezava com um terço
Para parar de chover
Tinha um rapaz delicado
Cobrindo o nariz com um lenço
Ao lado um gorducho imenso
Dizendo: não posso crer
Assim, seguimos viagem
Sem descobrir o culpado
Pois quem havia peidado
Jamais iria dizer
Hoje que tudo é passado
E o povo tá dispersado
O peido supracitado
Vou confessar com prazer.
Mala Kias
