Esse tempo cruel que sempre escorre
Não para, não branda e nem espera
Faz segundo, minuto, hora e era
E da sentença final ninguém recorre
Pois quem mata o tempo também morre
E a morte, essa sim, é bem durável
Sendo o tempo o senhor inexorável
Ele trucida ao tempo em que socorre
Quando o mármore servir-me de abrigo
E uma lembrança da pena de um amigo
Sentenciar-me no meu necrológio
Terei no rosto um riso desagravo
Dizendo enfim não mais serei escravo
Dessa cruel prisão que é o relógio