Procurando alguma coisa?

Obras de Amigos

Procura − Eliane Duarte

Estou a tua procura

No céu da minha boca

Onde travo em meus dentes

Um duelo ofegante.

 

Soluços roucos em minha face

O ar preso na garganta

Da boca sai um decassílabo torto

Que não ousei gritar a sã palavra.

 

Alagada na maré de um riacho

Escoa toda a linguagem líquida

De súbito vai emergindo da pausa

A flor, a raiz, o sumo e ronda o poema.

 

E resplandece a luz da manhã

Surtindo o efeito inesperado da brisa

E se desprende da alma e paira no ar

Um raio de sol floral a conta-gotas.

 

Convoco os astros a farejar meu rebento

A ler a vida subterrânea que me liberta

Puxo o gatilho e ao mesmo tempo te amo

Estou à procura, não sei se te chamo.

 

Sem saber tu cavalgas a meu encontro

Valsa dançando a flutuar em Marte

O verso passeia por toda a parte

E cai no oco do oco do que pensaste.

 

Poetisa carioca radicada no Recife com várias Antologias publicadas.

                   0 Comentários 89 Views