Estou a tua procura
No céu da minha boca
Onde travo em meus dentes
Um duelo ofegante.
Soluços roucos em minha face
O ar preso na garganta
Da boca sai um decassílabo torto
Que não ousei gritar a sã palavra.
Alagada na maré de um riacho
Escoa toda a linguagem líquida
De súbito vai emergindo da pausa
A flor, a raiz, o sumo e ronda o poema.
E resplandece a luz da manhã
Surtindo o efeito inesperado da brisa
E se desprende da alma e paira no ar
Um raio de sol floral a conta-gotas.
Convoco os astros a farejar meu rebento
A ler a vida subterrânea que me liberta
Puxo o gatilho e ao mesmo tempo te amo
Estou à procura, não sei se te chamo.
Sem saber tu cavalgas a meu encontro
Valsa dançando a flutuar em Marte
O verso passeia por toda a parte
E cai no oco do oco do que pensaste.
Poetisa carioca radicada no Recife com várias Antologias publicadas.