Procurando alguma coisa?

Obras de Amigos

Minhas vidas – Mala Kias

 

Eu procuro viver intensamente
Cada instante da vida eu aproveito
Quando um dia cruzar as mãos no peito
E a pensão sustentar meus dependentes
Vou deixar um legado diferente
Pra dizer aos viventes, quem eu sou:

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Convivi com os homens nas cavernas
Ajudei a caçar dentes-de-sabre
Também fui torturado pelos padres
Confessei mediante o ferro-quente
Fui expulso por causa da serpente
Que lá no paraíso me tentou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Quando O Cristo morreu, eu tava vendo
Sem poder ajudá-lo e, no entanto
No sepulcro fui eu quem pôs o manto
Que ficou decalcado o Nazareno
E sereno, eu vi a minha frente
Quando O Nosso Senhor ressuscitou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Combati o Heitor na grande guerra
Em dez anos lutei pra ter a glória
E Homero confirma a minha história
Quando Tróia caiu, tava presente
Vi Aquiles lutando bravamente
E os despojos que ele conquistou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

No incêndio de Roma, tava ausente
Mas, eu vi à distância o fumaceiro
E a bordo de um navio-negreiro
Viajei amarrado de correntes
Fui levado a mundo diferente
Em que a liberdade terminou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Eu também naveguei sem ser forçado
Quando fui embarcado de uma nau
Que partiu na esquadra de Cabral
Aportando num país-continente
E apesar dessa terra já ter gente
Portugal no Brasil a transformou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Com a intolerância e o racismo
O Nazismo brotou na Alemanha
Quando o Führer lançou uma campanha
Castigando o antigo-continente
Nesta guerra também fui combatente
Numa tropa enviada por Moscou

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Pra contar uma história mais recente
Em que participei sem ser notado
Quando o muro em Berlim foi derrubado
E o povo passava livremente
Eu comprei pra mostrar a minha gente
Um “pedaço da história” que quebrou!

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Todos vão descobrir no meu repente

Eu não vou espichar essa conversa
Pois quem versa tem um poço de rima
Cada balde que puxa para cima
Vem coberto de verso até a borda
Não queria largar a minha corda
Sem dizer o que ainda tenho em mente
Olho dentro do poço renitente
Vendo o tanto de verso que ficou!

O que fiz, com quem tive, aonde vou.
Continuo a dizer noutro repente

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