Procurando alguma coisa?

Obras de Amigos

Bonjardinense Praticante – Sérgio Vieira de Melo.

Alguém já disse: Escrever é fácil, começa com uma letra maiúscula e termina no ponto final. O difícil mesmo é preencher o intervalo.

Quantas palavras são necessárias para expressar, da forma mais real e justa um sentimento?

Buscamo-las na mente e a dúvida recorrente de que seus usos corretos não exprimam totalmente a relevância do momento, mas esperamos que como uma fotografia revelasse os detalhes mais íntimos escondidos no cerne, no âmago da alma do vivente.

Na manhã deste dia 14 de agosto de 2012, completo uma década que pisei pela primeira vez no solo do município do Bom jardim. Na mala, apenas a esperança e a alegria de uma nova oportunidade profissional. Gerenciar dois postos de combustível de uma grande rede.

No longínquo 2002, as minhas primeiras impressões foram de que a cidade encravada entre belos montes, cujo nome surgiu de uma exclamação, povo de grande religiosidade, terra brasileira exclusiva do mármore marrom imperial, da Pedra do Navio e tantas outras, do teatro da Paixão de Cristo encenada nas ruas, tendo como cenário os seus casarios, dos Paus D’Arcos, da música, de grandes maestros e compositores (Capiba, Levino Ferreira e a família Sedícias), dos cultos irmãos Souto Maior (jornalista, poeta e folclorista), terra também do Barão de Lucena e do Desembargador Dirceu Borges, de Francisco Julião – grande líder das ligas camponesas e tantos outros vultos históricos, motivos para tanto orgulho dessa gente, esse orgulho não se refletisse nos olhos de seus moradores. Por que não falavam mais disso? Por que não propagavam estes fatos aos quatro cantos? Por que o auto estima deste povo era tão baixo?

O tempo foi passando e aos poucos fui conhecendo as pessoas, encantando-me com sua simplicidade e hospitalidade. O tempo passou mais ainda e com ele vivi alguns percalços, possivelmente necessários na minha elevação espiritual, pois fiquei vivo e como instrumento do Criador para a construção de novos feitos. Minha missão inicial teve fim, deu lugar ao colaborador, o soldado raso na administração pública, onde jamais tinha atuado.

Com a nova oportunidade participei da mudança e das transformações que a cidade e o seu povo passaram. É como se a lembrança e o cheiro exalado do combustível do antigo posto, fosse a energia que faltava para respirar novos ares. Alguma mágoa? Qualquer mágoa que existisse foi varrida e lavada pela enchente de 03 de maio de 2011, quando o Rio Tracunhaém retomou o seu antigo curso, invadindo tudo. Mas as águas baixaram e o altivo povo unido reconstruiu suas casas e suas vidas.

Dez anos depois, sou agradecido a esta terra abençoado por Nossa Senhora de Sant’Ana e São Sebastião por ter me acolhido tão bem… Agradeço a cada um de vocês. Compartilho como se filho da terra fosse, de viver o orgulho de pertencer ao antigo Curato de Bom jardim, mas que hoje já conta com 141 anos de Emancipação Política. O povo elevou e muito seu alto estima e segue célere na direção de um futuro próximo que vislumbra um horizonte repleto de novas conquistas.

Obrigado a Bom jardim, obrigado ao seu povo que acolheu esse forasteiro, que hoje se auto intitula de um bonjardinense praticante.

Bom Jardim PE, Ago 14, 2012 – Sérgio Vieira de Melo.

PS. Continuo achando que o município deve mudar a sua bandeira e ter um mirante para observar tão belas paisagens.

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