No beco daquela casa
Que fica no fim da rua
Aonde a soleira vaza
E a calçada recua
Eu quase virava brasa
Quando você tava nua.
Brexava pela janela
A sua troca de roupa
A minha idade era pouca
Porém já era safado
Ficava sonhando acordado
Que aquilo tudo era meu
Aqueles peitos bicudos
Aquelas coxas roliças
Já no domingo, na missa
Eu confessava tudinho
Mas, quando tava sozinho
Trancado lá no banheiro
O banho era um dia inteiro
E mãe gritava de fora:
“Menino vamos embora!
Acaba esse banho depressa
Num sei que demora é essa
Se quando sai só tem grude
Tomara que Deus ajude
E dê-te um que de juízo”.
E eu prendendo um sorriso
Cansado, lhe respondia
Mainha que agonia!
Já tô até me enxugando
Mas, só que tava limpando
A melequeira que fiz
E terminava feliz
O meu momento traquino
Aquele banho de menino
Eu nunca mais esqueci
Que começava com o sol
Terminava na luuua
No beco daquela casa
Que fica no fim da rua.