Marcos Antônio da Cunha Fernandes www.marcosfernandes.org João Pessoa, Dezembro de 2014.
O Ponto e a Reticência
− Por que razão você é tão definitivo nas suas manifestações, pergunta a Reticência para o Ponto, com um ar de que ainda deseja algo falar…
− Esta é a minha função, finalizar uma frase, responde o Ponto.
− Acho isto uma ideia muito machista, coloca Reticência, eu deixo cada frase sempre em aberto…
− Existem frases que são definitivas e devem ser finalizadas, é quando eu entro em cena. Vou lhe dar um exemplo: Fulano morreu.
− Você acredita que a morte do corpo é o final? Eu escreveria esta frase assim: Fulano morreu…
− Você deixa a informação aberta e leva o leitor a ficar imaginando coisas. Eu desejo apenas dar a informação sobre a morte do Fulano.
− Mas o universo é diferente, não existe um ponto final após um acontecimento, existem muitas possibilidades que surgem após cada acontecimento, não há um encerramento, mas uma abertura para outras possibilidades…
− Você é sempre complicada, não estou gostando desta conversa, vou embora.
− Você é sempre assim, encerra a conversa sem termos chegado a uma conclusão…