Procurando alguma coisa?

Crônicas

Questionamentos

Quando eu era jovem e bem mais idiota do que sou hoje, peço ao leitor admitir a possibilidade de que isto seja possível, a minha cabeça vivia repleta de certezas. À medida que envelheci, decorrência natural da passagem do tempo, as certezas foram substituídas pelos questionamentos. Hoje, na terceira idade, a minha cabeça vive povoada de questionamentos, eles são tantos que seria cansativo enumerá-los. Entretanto, observo uma coisa interessante, os questionamentos hoje são alavancas que me levam a refletir e avançar na compreensão da Vida. Quando eu era mais jovem, os questionamentos costumavam paralisar a minha caminhada.

Quando questionamos uma determinada “verdade” científica ou religiosa, abrimos em nossa cabeça o espaço para uma reflexão acerca do objeto do nosso questionamento, criando as condições necessárias para enxergarmos as faces que ficam ocultas quando assumimos como verdadeira uma determinada maneira de olhar a realidade. A dúvida nos leva a levantar o véu que cobre a realidade, véu este que algumas vezes recebe o título pomposo de verdade científica ou religiosa.

Uma atitude sábia que podemos adotar é questionar periodicamente a nossa maneira de ser e de ver o mundo. Por que razão eu adoto determinado comportamento quando me sinto desconfortável com uma situação? Por que razão a minha maneira de ver uma determinada situação é verdadeira? Por que está errada a maneira de ver que difere da minha? Por que isto? Por que aquilo? Somente quando começamos a questionar uma situação, abrimos espaço dentro de nós para ver aspectos desta situação que ficaram ocultos pela nossa idiossincrasia.

Não é fácil olhar a face oculta de uma questão. É muito fácil arranjar desculpas para não olhar uma questão por outros aspectos que diferem da nossa maneira de pensar. Tanto a ciência quanto a religião estabelecem as fronteira da nossa maneira de ver a realidade, isto tem aspectos positivos e negativos que já foram exaustivamente estudados por várias pessoas. Ser capaz de ultrapassar estas fronteiras e promover o progresso, tanto na ciência quanto na religião, é o desafio a ser enfrentado pelos nossos filhos e netos. As mudanças que hoje observamos nos levam a crer que eles estão prontos para este desafio. Quanto mais eu observo a Vida, mais cresce a minha admiração pela sabedoria de Deus.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 6 e 7 de setembro de 2010.
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