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Crônicas

Quadrado

Na linguagem popular é chamado de quadrado um ser humano que é muito preso aos padrões tradicionais e não aceita inovações. Para não ser considerado quadrado muitas pessoas adotam comportamentos que contrariam a sua maneira de ser, abdicam do seu modo natural de agir e passam a se comportar de acordo com os padrões ditados pelo grupo, não existe submissão maior do que esta. Para ser cooptado pelo grupo algumas pessoas, principalmente os mais jovens, abdicam da sua maneira de pensar e de agir, deixam de ser elas mesmas, passam a ser uma imitação barata do comportamento vigente no grupo em todos os aspectos possíveis e imagináveis. Isto é o que deveria ser chamado de quadrado.

Não aceitar inovação é uma coisa lamentável, entretanto, é lastimável não permitir que uma pessoa expresse com liberdade a sua maneira de pensar e agir. A inovação surge da fricção de idéias divergentes. Nos dias de hoje as pessoas estão formando tribos de acordo com a sua maneira de pensar e agir, as que não pensam e agem da maneira aceita pelo grupo são excluídas. O maior vandalismo que um ser humano pode praticar é o de não respeitar a maneiro de pensar e agir do seu semelhante.

Respeitar os padrões de comportamentos vigentes em um grupo é sinal de maturidade, o que não significa concordar com eles. Sem o respeito aos padrões estabelecidos corremos o risco de criar uma desordem que impediria o progresso. Por outro lado, não desafiar os padrões também impediria o progresso. O grande desafio de uma sociedade é manter o equilíbrio entre o “status quo” e as mudanças que se fazem necessárias para sua evolução material e espiritual.

Algumas pessoas usam a palavra quadrado com o objetivo de forçar alguém a adotar determinados tipos de comportamento que lhes são convenientes. Geralmente costumam falar coisas do tipo: você não faz tal coisa porque é quadrado. Os seres humanos não gostam de ser chamados de quadrados e muitas vezes cedem para evitar este rótulo, assumem um comportamento que não adotariam caso não sofressem uma pressão do grupo para agir de uma determinada maneira. Ainda são poucas as pessoas capazes de enfrentar a ditadura do seu grupo de referência e agir de acordo com os seus valores. Poucas pessoas sãocapazes de viver uma vida em que gozam da liberdade de ser elas mesmas, isto é, pensam e agem de acordo com seus próprios valores.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 31 de julho de 2008.
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