Procurando alguma coisa?

Crônicas

Nudez

A nudez sempre atraiu a atenção do ser humano, alguns são atraídos pela nudez do corpo, enquanto que outros estão interessados na nudez da alma, ambas são muito interessantes. A nudez física é mais fácil de ser praticada, a nudez da alma é difícil, poucas pessoas a praticam. Para despir o corpo é necessário tirar a roupa, para despir a alma é necessário retirar o orgulho e a vaidade, coisa difícil de realizar. Quando tiramos a roupa o corpo se mostra sem esconder nada. Quando a alma consegue afastar o orgulho e a vaidade ainda não vê a si mesma tal qual é, a alma precisa desenvolver “olhos de ver” para enxergar o que existe dentro de si mesma, sem mascarar a realidade.

Muitas vezes atribuo aos outros os defeitos que existem em abundância dentro de mim, eu condeno nas outras pessoas aquilo que gostaria de eliminar da minha alma, mas a minha fraqueza não permite. Então vocifero contra os outros, quando gostaria de ter a coragem de dizer aquelas palavras para mim mesmo, de parar de fingir que tenho condições morais de atirar a primeira pedra. De tanto mentir para mim mesmo, depois de algum tempo, acontece uma coisa terrível, eu passo a acreditar que não tenho aquilo que condeno nas outras pessoas, o que reduz significativamente a possibilidade de extirpar aquele mal da minha alma.

Hoje existe um sentimento diferente dentro de mim que não sei explicar. Ao mesmo tempo em que aumentou o respeito que sinto pelas pessoas, diminuiu a pressão que a opinião delas exerce sobre o meu comportamento e minhas decisões. Escuto as opiniões delas atentamente e com profundo respeito, mas as minhas decisões são orientadas pelos meus valores, pelas minhas crenças e pelos meus parcos conhecimentos acerca da Vida. Escuto sempre a opinião de outras pessoas, elas são enriquecedoras e me ajudam muito, mas tomo as minhas próprias decisões e arco com suas conseqüências.

Há muitos anos que eu trabalho no sentido de melhorar as minhas relações interpessoais, mas muitas vezes parei antes de realizar mudanças profundas, faltou coragem, sou um covarde. Hoje sinto certo alívio por ter sido capaz de confessar publicamente minha covardia, espero que isto me dê força suficiente para mostrar- me tal qual eu sou, jogar fora as máscaras que uso para me apresentar aos parentese amigos. Só assim alavancarei o meu crescimento espiritual.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
Fortaleza, março de 2009.
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