O que em mim mudou não sei. Apenas sei que algo mudou e isto se reflete em tudo o que faço. O que antes me encantava, hoje perdeu o encanto, não cativa o interesse. Coisas que desejei com ardor, agora não despertam a atenção. Coisas que eram importantes antes, hoje não têm o mínimo valor. Até as Musas que enchiam a alma de poesia, perderam a magia, hoje não despertam o verso.
Vivo um estado de espírito que não é modorrento, mas uma calma ativa, pronta para produzir, explodir em atividades as mais variadas. Já passei por este estado de espírito e até escrevi sobre ele, mas nos últimos dias tem sido diferente, é bem mais intenso e a visão dos acontecimentos se dilatou, vejo aspectos que não via, apesar de estarem diante de mim há muito tempo. Analiso a minha vida com relativa clareza, vejo os defeitos e as qualidades, os acertos e os erros, o que deveria ter feito e não fiz, o que fiz e não deveria ter feito, o que deveria ter feito e fiz.
A morte de Margaret, minha primeira esposa, me levou a muitas reflexões. Sempre imaginei que iria bem antes dela, devido a diferença de idade. O espírito amadurece nos momentos da morte de pessoas ligadas a nós, leva a reflexões profundas. Foram vinte e seis anos de vida em comum, quatro filhos que enchem a vida de alegria, seus casamentos, os netos. Ela me ajudou muito, dedicou ao casamento e à educação dos filhos uma parcela de sua vida. Tivemos alegrias e tristezas, como é normal em todos os casamentos. Devo muitas experiências enriquecedoras de vida a Margaret, foram muitos os sacrifícios que ela fez em benefício da família.
Os anos de vida profissional desfilaram, mais uma vez, na tela das recordações. Uma longa caminhada até o AVC que me levou à aposentadoria. Muitos colegas de trabalho enriqueceram minha alma com suas experiências de vida, aprendi muito com eles. Algumas pessoas do meu círculo de amizade deixaram marcas na minha alma, ensinaram lições preciosas para mim.
Agora, no crepúsculo vespertino da existência, desejo agradecer a todos por terem enriquecido a minha vida. Impossível fazer citações nominais, são tantas pessoas que me ensinaram muitas coisas. Algumas delas nem desconfiam como seus exemplos foram importantes para mim. A todos o meu eterno agradecimento…
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
João Pessoa, setembro de 2015.