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Crônicas

Duas Mães

Tive o prazer de assistir aulas de um professor de matemática que me fez gostar desta matéria, já relatei isso em outra crônica. Eu não gostava de matemática, mas o modo como este professor apresentava esta matéria para os alunos, todos adultos e a maioria já trabalhando, mudou a minha opinião sobre a matemática.

Há algumas semanas atrás observei que o dia amanheceu lindo e resolvi ir até a praia. Sentei na areia e observei, bem perto de mim, o modo como uma mãe tratava seu filho. Ela tinha paciência e doçura no relacionamento com o filho. Interagia nas brincadeiras, mas respeitava os momentos em que o filho desejava brincar sozinho, ocasião em que ela aproveitava para folhear uma revista. Estava atenta ao comportamento do filho, nas ocasiões em que ele apanhava um balde e ia até o mar, ela o acompanhava de perto, sem intervir, mas ensinando que ele poderia perder-se caso fosse sozinho. A mãe deixava a criança brincar à vontade, apenas quando a brincadeira poderia incomodar outras pessoas ou machucar a criança, ela conversava com o filho e explicava as razões pelas quais pedia para modificar seu comportamento.

Pouco tempo depois outra mãe chega com um menino que aparenta ter a mesma idade do outro. Eles sentam perto do local onde a primeira criança brinca, ao alcance dos meus ouvidos curiosos. A criança deseja ir até o mar, mas a mãe não permite. O menino quer brincar com o outro, nova repressão.  Observo que as brincadeiras desta segunda criança são interrompidas constantemente pela mãe, a lhe dizer como deve brincar, apesar destas brincadeiras não incomodarem as outras pessoas ou causar qualquer tipo de problema. Nunca tinha visto um processo de castração da criatividade tão forte como este.

Aquelas duas crianças aparentam ter quatro anos de idade, dentro de dez anos serão adolescentes. O modo como elas são tratadas agora terá grande influência nos seus relacionamentos futuros. Que tipos de adolescentes serão as duas criança no futuro? Espero que outras pessoas que se relacionem com a segunda criança levem para ela a ideia de que muitos seres humanos não são tão castradores quanto a sua mãe.

Seria interessante conviver com as duas crianças quando forem adolescentes e verificar como tratam as pessoas que convivem com elas. Por favor, não me digam que é óbvio, pois já vi muitos resultados bem diferentes daqueles que as pessoas esperavam, isto é, bem diferentes do óbvio.

Para concluir, tenho a ousadia de dizer o seguinte: gostar de matemática e da Vida depende, em grande parte, de quem nos ensina…

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, Agosto de 2013.
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