Uma chuva fina cai sobre a cidade, o vento frio assobia uma canção nas janelas, nos leva a sentir vontade de ter alguém ao nosso lado, a nos aquecer e acalentar com uma voz capaz de fazer coro com a voz do vento. Cada dia o tempo fala de maneira diferente ao corpo e à alma. Os dias de chuva e de frio nos levam ao recolhimento, a um mergulho interior, a alma fica pensativa e examina sua trajetória na Vida.
Os dias de chuva nos levam a examinar nossa conduta com as pessoas que se relacionam conosco, os nossos acertos e os nossos erros parecem ganhar nitidez nos dias de chuva. Parece até que a alma se expande e enxerga melhor nos dias de chuva, quando o corpo se recolhe e fica sossegado, deixando a alma fazer suas viagens interiores.
Nos dias de frio nós passamos mais tempo dormindo e o nosso sono é de melhor qualidade do que nos dias de calor. Acordamos e queremos continuar na cama, debaixo do lençol quentinho, deixar a mente a vadiar por onde ela desejar, “sem lenço e sem documento”. E quando acordamos, nos dias de frio, aquecidos por um bom cobertor de orelhas, não vou dizer nada para não perturbar a sua criatividade com meus pensamentos canhestros.
As noites de chuva não permitem ver a lua ou as estrelas, mas possibilitam a oportunidade de vermos nossos sonhos e os caminhos que podemos palmilhar para concretizarmos as suas realizações. A chuva e o frio aquecem a alma, que se expande e reverbera a Luz do Amor pelo espaço infinito. No corpo físico o frio provoca contração, mas a alma não está sujeita às condições climáticas, tanto no calor quanto no frio ela é capaz de se expandir e viajar pelas estrelas.
Muitas pessoas detestam as noites de chuva e de frio, dizem que ficam chateadas por não poderem sair de casa e passear pela rua. Quando eu não tinha problemas físicos gostava de passear na chuva, sentir os pingos de água a bater no corpo. Devemos andar no sol e na chuva, ter as duas vivências, podemos até achar mais agradável uma do que outra, mas para saber qual a nossa preferida só existe um caminho: experimentar as duas.
João Pessoa, 16 de outubro de 2007.