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Crônicas

Brandura

A brandura de certas pessoas me encanta, gosto de ver a suavidade dos seus gestos, de escutar a doçura das suas vozes e de observar a elegância de suas colocações quando discordam do que ouvem. Existem seres humanos que confundem as coisas, acham que as pessoas brandas são fracas e eles podem forçá-las a realizar coisas que elas não gostariam de fazer. Puro engano, brandura não é sinônimo de fraqueza, mas de maturidade espiritual. Ser brando também não significa falta de atitude enérgica diante de determinadas situações e permitir acontecimentos que ferem a dignidade humana, isto se chama omissão. Os grandes mestres espirituais da humanidade foram brandos, mas não vacilaram em usar a energia nas situações em que se fazia necessário o seu uso.

Algumas músicas abrandam os seres humanos e os levam ao mundo encantado do amor e da alegria de viver. Quando envolvida por este tipo de música a alma se assemelha a uma pluma conduzida pelo vento, flutua no espaço. Arrebatada pela magia da música a alma é conduzida para as regiões etéreas. Nestas horas a alma pergunta a si mesma se suportaria escutar a orquestra de anjos que toca para Deus. Estes momentos de magia tornam a alma branda e capaz de grandes realizações em todos os campos da ciência e da arte. Algumas pessoas gostam de escutar músicas brandas quando estão agitadas, acalma seus espíritos.

A brandura é um dos mais belos atributos da alma humana. Quando vejo as pessoas brandas acredito na origem divina dos seres humanos. Quando convivo com uma pessoa branda eu me lembro da citação bíblica: “bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra”. Nestas horas é possível imaginar como será a Terra no futuro, quando a violência deixar de existir, então faço inúmeras indagações a mim mesmo. Quanto tempo ainda será necessário para erradicar a violência existente nos dias atuais? Por quanto tempo ainda os seres humanos pacíficos serão obrigados a viver trancados em casa, enquanto os assaltantes passeiam livremente pelas ruas? Por quanto tempo ainda teremos que amargar os assassinatos de cidadãos inocentes? Por quanto tempo ainda os violentos açambarcarão as grandes cidades brasileiras? Por quanto tempo ainda amargarei a violência que existe dentro de mim?

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 3 de julho de 2008.

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