Procurando alguma coisa?

Crônicas

Amigos Virtuais

Em algumas ocasiões eu gosto de caminhar sozinho pela praia, observar as pessoas e a paisagem. Noutras ocasiões eu gosto de caminhar na companhia de alguém, geralmente esta pessoa me mostra coisas que minha alma não consegue ver. Hoje, embora não tenha saído de casa, é um destes dias que eu gostaria de caminhar pela praia e ter a companhia de alguém ao meu lado. Não gostaria de caminhar com uma pessoa amiga ou conhecida, mas com uma destas pessoas que me relaciono através da troca de mensagens pela Internet, uma pessoa que não conheço ao vivo. Uma simples caminhada pelo calçadão da praia de Tambaú, no início ou no final do dia, com uma pessoa que deixaria de ser virtual, destas que conheço através de e-mails e nunca nos vimos face a face, sentimos o calor das nossas peles, olhamos dentro dos nossos olhos. Eu fico a imaginar como vocês são, se os seus espíritos são tão belos quanto os anexos das mensagens que me enviam e eu repasso para os meus amigos, algumas vezes citando o nome, outras vezes sem dizer quem enviou aquele trabalho tão bonito.

Quando caminho na praia encontro amigos e ex-colegas de trabalho, é sempre bom conversar com eles. Mas hoje sinto a necessidade de desbravar almas desconhecidas, de andar por “mares nunca dantes navegados”. Aprendo muito com as pessoas, procuro ver a Vida com os olhos delas e descubro coisas que não tinha sequer imaginado! Às vezes tenho vontade de convidar um destes amigos virtuais para dar esta caminhada pela praia, ficar jogando conversa fora, ficar vendo a vida pelos olhos dela, mas alguns moram em cidades distantes.

É no contato com outros seres humanos que aprendemos a arte de viver e enriquecer nossas almas. Existem contatos mais ricos do que outros, mas todos nos ensinam algo. Saber garimpar de cada pessoa aquilo que ela tem para nos ensinar é sinal de que aprendemos alguma coisa na nossa vida. Em muitas ocasiões eu estou fechado para as lições do dia e perco a oportunidade de aprender muitas coisas. Algumas vezes acho não ser aquela pessoa capaz de me ensinar algo e deixo de aprender exatamente a lição que necessito para vencer alguma barreira ou para amadurecer o espírito.

Alguns parentes e amigos moram em outras cidades, nos encontramos e batemos papo via Internet. Manter contato desta maneira é melhor do que não ter notícias, sem sombra de dúvida, todavia, nada substitui a riqueza do contato face a face. Talvez eu seja da antiga geração, criado brincando na rua com outras crianças e não esteja adaptado aos tempos modernos, mas uma coisa eu aprendi: é no contato com outros seres humanos que a nossa alma enriquece.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 12 setembro de 2007.
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