Procurando alguma coisa?

Contos

Medo

― Quem é você, pergunto.

― Eu sou seu maior medo, responde aquele ser grotesco que surge de repente no terraço do nono andar.

― Você não é tão grotesco quanto eu o imaginava, digo para ele.

― A sua imaginação o levou a me conceber de uma maneira diferente do que sou. Ela não deixou você perceber que sou necessário na sua vida.

― Necessário? Não consigo ver a razão de uma pessoa ter necessidade de você!

― Caso eu não existisse muitas ações imprudentes seriam cometidas por você, tendo como consequência a ocorrência de desastres.

― Mas a sua presença paralisou-me muitas vezes, impediu-me de agir, o que me prejudicou em algumas ocasiões.

― É verdade, mas estas paralisações foram decorrentes do seu comportamento, você não percebeu que a minha presença tinha como objetivo evitar atos imprudentes que poderiam machucar outras pessoas ou machucar você.

― Talvez você tenha chegado de uma maneira que me assustou…

― Chego junto das pessoas sempre do mesmo modo, você é que não percebeu a minha chegada como um estímulo à prudência, você ficava paralisado com a minha presença, o que foi bom em algumas ocasiões, mas em outras foi desastroso. Só posso lhe dizer que cumpri o papel que me foi designado pela Vida.

― De hoje em diante vou me comportar de maneira diferente, sentirei a sua presença, mas não ficarei paralisado.

― Nos momentos de perigo estarei ao seu lado, espero ser recebido como um amigo que deseja lhe ajudar. Desejo a você um bom Domingo.

― Espero que a sua próxima visita não seja em um momento de dificuldade e que possamos ter conversas esclarecedoras, como aconteceu hoje. Tchau.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 2 de Fevereiro de 2013.
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