― Você passa muitas dificuldades financeiras, carrega um fardo pesado para criar seus filhos, mas nunca vi você triste ou escutei reclamações da sua boca.
― O tempo gasto em reclamações é mais bem aproveitado quando o uso na busca de soluções para as dificuldades agora existentes, mas que serão superadas brevemente.
―Existem momentos de desânimo diante da falta de recursos para sustentar a família?
― Sim, às vezes sinto-me frágil e sem forças para enfrentar tantas dificuldades, choro e me desespero. Nestas horas faço uma prece e peço a Deus a força que necessito para enfrentar os obstáculos e dar aos meus filhos o necessário para o corpo e para a alma. Ele me atende, pois me acalmo e a solução surge pelos meios mais diversos.
― Diante das dificuldades enfrentadas você se sente injustiçada pela Vida?
― Não compreendo muito bem a Vida, mas uma coisa eu sei, Deus dá a cada ser humano aquilo que necessita para progredir. Muitas vezes o que desejamos não é o que necessitamos para caminhar em direção a Deus, o verdadeiro objetivo da existência dos seres humanos. As dificuldades ora existentes fortalecem meu espírito e permitirão voar cada vez mais alto, mais perto de Deus.
― Conheço você muito bem, sei quão pesado é o seu fardo, mas você o carrega como se ele fosse leve. Como consegue isto?
― Deus me dá as forças necessárias para carregar o meu fardo, quando as minhas forças falham e caio na caminhada, Ele me levanta e ajuda-me a carregar o fardo por alguns instantes, até eu estar em condições de caminhar sem ajuda.
― Muitas vezes vejo seres humanos fortes carregando fardos leves, vergadas pelo peso que têm forças para suportar sem esforço, mas caminham tristes e desanimadas.
― São momentos de fraqueza do ser humano, estas pessoas despertarão e agradecerão a Deus pelos fardos que as conduzirão aos seus objetivos maiores na Vida. E como seus fardos são leves, quando elas aprenderem a carregá-los sem queixas descabidas, ensinarão às outras pessoas como levar seus fardos sem reclamar ou imaginar que os fardos que a Vida lhes deu são mais pesados que os fardos dos outros.
― O que dizer das pessoas sentadas à beira do caminho, ao lado dos seus fardos, sem nada fazerem?
― Usam o livre-arbítrio que a Vida lhes concede. Um dia elas perceberão a necessidade de caminhar, retomarão as atividades que vieram realizar nesta caminhada.
― Ficar sentado à beira do caminhão é perder tempo!
― Pode ser perder tempo, mas também existem momentos que ficar parado, apenas pensando, pode ser ganhar tempo. Tudo é relativo, exceto Deus.
― Não consigo compreender de que modo ficar sem fazer nada pode se transformar em ganho de tempo.
― Muitas vezes resolvemos um problema, por exemplo, sem pensar qual seria a melhor solução para desarraigá-lo, adotamos a primeira idéia que nos ocorre e vamos em frente. Afinal de contas, não podemos perder tempo pensando! Algumas vezes a solução adotada de modo apressado apenas afasta temporariamente o problema. Um belo dia eis o problema de volta, bem mais complicado e difícil de solucionar. Agora vamos gastar o dobro da energia que gastaríamos se tivéssemos parado para pensar nas alternativas existentes e nas conseqüências de cada uma delas. Gastar mais tempo pensando significará gastar menos tempo trabalhando na solução definitiva do problema.
― Você tem uma visão otimista da realidade, gostaria de ser tão otimista quanto você.
― A fagulha divina que existe em você é a mesma que existe em mim. Cabe a cada um de nós deixarmos esta fagulha brilhar e orientar nossa vida. Foi bom ver você, vou ter de seguir meu caminho, fica com Deus.
― Até outro dia.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, Maio de 2011.