Tive um sonho muito estranho: olho uma pessoa perto de mim, mas não vejo o seu rosto. Antes que me recupere do susto, ela fala comigo.
̶ Oi, escuto a pessoa sem rosto dizer.
̶ Olá, respondo. Vejo o seu corpo com nitidez, mas não vejo o seu rosto, não sei o que acontece comigo.
̶ Eu sou uma pessoa igual a você, me mostro assim para que tenha uma ideia do que é uma pessoa olhar para algo escrito e não saber o que é.
̶ Você quer me mostrar a dificuldade de uma pessoa que tem deficiência visual?
̶ Não é isto, existem tipos de deficiência maiores do que a visual, o analfabetismo é uma delas. Da mesma forma que você olha para o meu rosto e não o vê, o analfabeto olha para algo escrito e vê apenas um conjunto de sinais que nada significam para ele, diz a pessoa sem rosto.
̶ O analfabetismo é mais alarmante na região Nordeste, e é mantido assim com objetivos eleitoreiros, e para dificultar o combate à corrupção.
̶ É verdade, diz a pessoa sem rosto, mas a VIDA resolveu mudar tudo isto. ELA iniciou um processo de mudança de valores em todo o planeta Terra. Nada será como antes.
̶ Acontecerão as mudanças que muitos místicos anunciaram há séculos, pergunto.
̶ Estas mudanças, anunciadas pelos místicos e pela ciência, tiveram início no século passado, hoje elas são aceleradas. As pessoas analfabetas deveriam ter sido educadas, e tornadas capazes de se desenvolverem como seres humanos, mas as pessoas que dominam as nações deram prioridades a objetivos pessoais e desonestos, sem priorizar o desenvolvimento do ser humano, obrigaram a VIDA a acionar mecanismo para corrigir o rumo que foi dado ao planeta Terra, evitar a sua destruição e distribuir melhor suas riquezas. É isto que vemos hoje com esta pandemia, um ser microscópico muda muitos padrões de comportamento.
Medito por alguns instantes sobre tudo que tinha escutado. Quando vou fazer uma nova pergunta, não vejo a pessoa sem rosto. Acordo cheio de esperança, sento-me na varanda, depois de algum tempo a escuridão da noite se dissipa, o Sol nasce majestoso no horizonte, é um novo alvorecer…
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
João Pessoa, agosto de 2020.
