Ramos de incertezas e silêncios
Navios ancorados em meu ser
Ondas bravas se erguem
E são espasmos para a morte
Entre folhagens os abismos
Tuas mãos vazias são oásis
De puras carícias
Os ventos do Norte
Oscilam e o prumo do barco
São afagos de seda
O mar é navio sem leme
Arrebata a gente
De solidão e mistérios
Ao ver o sol despertar
Abraça o desconhecido
Remove pedras
E lança na areia o sal
Embriagando a maresia
Silenciando o homem
Em sua bagagem a onda
A cada manhã
A concha, o arbusto, a flor
Insaciável arfagem
Onde tudo nasce
Renasce o movimento
E faz a curva no centro do mundo
Amar é redescobrir a palavra
Que liberta o tempo
A hora que resta
O longo esforço
A busca incessante
Do que não há em mim
Nem em ti
No fundo do mar
Toda a terra se deita
E se deleita
Com o azul
Que ninguém decifra.
Poetisa carioca radicada no Recife, com várias antologias publicadas.