Com o passar do tempo cada ser humano roda milhares de quilômetros na estrada da existência. Alguns percorrem muitos lugares, vêem muitas coisas e aprendem muito ao caminharem pelo mundo. Outros preferem ficar sempre no mesmo lugar e fazem suas caminhadas ao redor das suas residências, não gostam de se afastar de suas casas, mas rodam quilometragens semelhantes àquelas atingidas pelos que viajam. Embora os dois tipos rodem quilometragens semelhantes, as experiências vivenciadas por cada um são bem diferentes. Nós julgamos muito pelas aparências dos fatos, deste modo somos levados a dizer: aquele que viajou tem uma experiência de vida maior. Entretanto, conheço pessoas que viajam frequentemente, já percorreram muitos países, mas não apresentam o grau de experiência e maturidade de outras que nunca se ausentaram da cidade onde nasceram.
Existem pessoas como eu, por exemplo, apesar de já terem rodado muitos e muitos quilômetros na estrada da existência, apresentam comportamentos imaturos em determinadas ocasiões, embora ajam com equilíbrio e maturidade em muitas situações. Os quilômetros rodados por uma pessoa não são garantia de que agirá com sabedoria em uma determinada situação. Tenho visto alguns jovens se comportarem tão bem em ocasiões delicadas que fico morrendo de inveja deles.
Quando nós temos poucos quilômetros rodados queremos aparentar ser mais velhos, com as mais diversas finalidades, tais como: freqüentar determinadas casas noturnas, assistir os filmes proibidos para menores, dirigir veículos motorizados, além de ficar livre daquelas proibições familiares realizadas sob a justificativa de que não temos idade para fazer esta ou aquela coisa. Quando nos já temos bastantes quilômetros rodados queremos aparentar ser mais jovens e ficamos contentes quando as pessoas nos dizem que aparentamos ter uma idade inferior àquela que já vivemos. Estranha ironia dos seres humanos: os jovens querem ser velhos e os velhos querem ser jovens. Acho muito positivo uma pessoa da terceira idade ter o espírito jovem, é muito bom conviver com pessoas assim, só não gosto de velho se comportando como um adolescente desmiolado, vivendo aventuras e loucuras próprias da juventude e da falta de maturidade.
João Pessoa, 17 de junho de 2008.