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Crônicas

Olhos da alma

Leio algumas poesias lindas de autores famosos, publicadas na Internet. A minha alma, conduzida pelos versos deles e delas, voa por lugares etéreos, por locais onde não existem caminhos para chegar lá. Estes locais foram criados pelas almas dos poetas e das poetisas, através dos seus cantos mágicos. E como são belos estes locais, somente as almas dos que amam sabem criá-los, não podem ser vistos pelos olhos do corpo, apenas os olhos da alma podem vê-los, são invisíveis aos olhos carnais. As portas de acesso a estes locais estão abertas a todas as almas, mas existe uma condição para chegar até estes locais: ter asas para voar. Quem odeia e tem inveja, é portador de mazelas da alma, não cria asas fortes, capazes de elevar a alma à altura necessária para atingir estes locais. Somente quem ama é capaz de fortalecer as asas da alma para este vôo, ocasião em que a alma do leitor e “a alma da poesia” fundem-se, existe uma comunhão entre os dois. Neste estado, não existe necessidade de explicação, o leitor é a poesia e a poesia é o leitor.

Algumas pessoas dizem que não gostam de ler poesia ou qualquer outra coisa, para estes seres humanos a Vida ensina o necessário nos diversos campos do sentimento e do conhecimento, não há necessidade de ler. Podem estar com a razão, mas somente quem lê é capaz de ver além das suas limitações. Ler enriquece a nossa alma com as experiências de outros seres humanos. A leitura nos dá uma percepção ampla da realidade, nos permite ampliar nosso modo de ver com a visão de outras pessoas. Quem não lê impõe a si mesmo viseiras que o impossibilita de ampliar a sua visão e aprender muitas coisas.

O hábito de ler pode criar outras viseiras que recebem muitos nomes, tais como: viseira científica, viseira profissional, viseira religiosa… Cabe a cada pessoa escolher o tipo de viseira que deseja utilizar. Escolha a sua e afivele-a no rosto, consciente do que faz, mas adquira o hábito de retirar a viseira e olhar o mundo sem os condicionamentos impostos por ela, isto nos faz ver coisas que sempre estiveram bem diante dos nossos olhos sem que a víssemos por estarmos de viseira.

O progresso só é possível quando alguém retira a sua viseira e olha a realidade de uma maneira diferente. Para mudar qualquer coisa é necessário ousar uma visão diferente da “realidade” de plantão naquele momento, ser capaz de desafiar o status vigente, suportar as reações daqueles que defendem a manutenção da situação vigorante pelos mais variados motivos. Poucas pessoas conseguem fazer isso, pois a consequência deste comportamento é a rejeição por parte da maioria das pessoas ou ser classificado como louco, entre outras coisas.

Somente quem olha a realidade com os olhos da alma é capaz de mudar algo. Os olhos do corpo são avessos às mudanças.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 01 de Março de 2012.

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