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Crônicas

Porco Espinho

Impulsionado pelas tempestades das paixões que avassalam a sua alma, aquele ser humano sempre agiu de maneira açoitada, ao sabor dos acontecimentos. Apesar de já ter entrado na idade adulta há bastante tempo, ainda não aprendeu as lições que a Vida lhe ofereceu durante toda a sua existência, continua a se comportar como um adolescente imaturo, apesar de já se aproximar da melhor idade. Para não ser injusto eu devo salientar que existem adolescentes cuja maturidade é de fazer inveja a muitos adultos.

Aquele ser humano está sempre a repetir os mesmos erros, pertence ao tipo de pessoa que só consegue aprender depois de levar muitas pancadas nos atritos que vai semeando por onde passa. É um ser humano indene à passagem do tempo, não adquire maturidade com as lições diárias, vive a desfiar seu rosário de lamentações e acha que a Vida conspira contra ele, quando na realidade é ele quem conspira contra a Vida com suas atitudes impensadas. Caso ele olhasse ao seu derredor, aquele exemplo vivo do egoísmo veria outras pessoas cantarem hinos de agradecimento à Vida pelos aprendizados diários, mesmo quando são lições amargas. Mas aquele ser humano está de cabeça baixa, a olhar apenas para o próprio umbigo, não consegue ver nada ao seu derredor, não aprende nada com as lições diárias que a Vida lhe oferece. É uma criatura amarga como fel, a respingar sua amargura nas pessoas que estão ao seu derredor.

O que leva um ser humano a ser do tipo “porco espinho” é uma coisa que me intriga, parece ser uma especificidade de algumas almas, independe do tipo de corpo ou de influência cultural. Em uma mesma família nós encontramos dois irmãos, um é meigo e afável, enquanto o outro é do tipo “porco espinho”. Conviver com alguém a lhe “espinhar” todos os dias não é uma tarefa fácil, todos nós já tivemos esta experiência no trabalho ou na família. Você já notou que um “porco espinho” não tolera estar em um local em que existe um outro “porco espinho”?

Algumas pessoas adoram carne de “porco espinho” e gostam de caçar este tipo de animal. Quando tais pessoas, no ambiente profissional ou no ambiente familiar, estão em condições de caçar os “porcos espinhos”, elas o fazem com requinte de crueldade igual à deste animal quando ataca suas vítimas. E para quem não gostade caça, assistir aos ataques dos caçadores ou dos “porcos espinhos”, sem poder sair da arena onde eles se digladiam, é uma tortura indescritível.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, agosto de 2007.
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