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Crônicas

Musa da Poesia

A Musa da Poesia faz sua ronda habitual pela Terra, visita todos os continentes e todos os seres humanos. Nesta ronda ela distribui poesias a mancheias, todos recebem sua bênção, mas cada ser humano acolhe esta bênção de maneira diferente. Acompanhei seu giro habitual pela Terra e vi muitas coisas.

Observei que nalguns seres humanos a bênção da Musa da Poesia é rechaçada, eles não gostam dela e repelem sua bênção. Outros chegam a ser tocados pela bênção, que logo é jogada fora como se fosse coisa sem serventia, eles não têm consciência do benefício que a bênção faz aos seus corações e aos seus cérebros. Observei também que algumas pessoas chegam a ficar emocionadas com a bênção da Musa da Poesia, sentem vontade de traduzir em palavras o que sentem, mas estas pessoas não se julgam dignas de realizar este ato, o que é lamentável, pois vi muitas coisas lindas que brotaram, nos seus corações e nos seus cérebros, serem jogadas fora por estas pessoas.

Observei também que alguns seres humanos recebem a bênção da Musa da Poesia e a transformam em versos. Gostaria de salientar que todos os seres humanos recebem a mesma bênção, todavia, ao atingir o coração e o cérebro de cada um, a bênção da Musa da Poesia toma as cores dos sentimentos e os vigores intelectuais daquela pessoa. A bênção é transformada sem que nenhuma pessoa consiga refletir a beleza e o brilho da bênção recebida. Todos receberam a mesma inspiração da mesma fonte, mas o trabalho produzido por cada pessoa é diferente dos outros, embora algumas semelhanças possam ser verificadas entre alguns trabalhos.

Diariamente a Musa da Poesia faz seu giro pela Terra, traz temas diferentes a cada dia e os semeia nos corações e nos cérebros de todos os seres humanos. Ela faz sua jornada diária sem se incomodar com os que a repelem, aliás, devo salientar que estes recebem dela atenção especial. Fiquei intrigado com este fato, mas ela me ensinou que os corações destas pessoas estão fechados, a poesia é a água que desbastará a dureza dos seus sentimentos e abrirá seus corações para o amor.

Quando me despedi da Musa da Poesia, pedi a ela que entregasse uma carta para Zeus. É um pedido de piedade para aqueles cujos corações e cérebros ainda não conseguem receber a bênção da Musa da Poesia.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 8 de setembro de 2010.
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