Com o passar dos anos nossos espíritos ganham maturidade, temos mais prudência ao emitir uma opinião sobre qualquer assunto. Começamos a entender que uma coisa pode ser extremamente importante para nós, mas para outra pessoa não tem o menor significado. Percebemos também que muitas coisas importantes para os outros não têm o menor significado para nós. Deixamos de ser o centro do universo, no nosso discurso substituímos o eu pelo nós, aprendemos a ouvir e passamos a falar menos. O tempo passa a ser um bem precioso, selecionamos as atividades em que gastaremos esta riqueza inestimável que sabemos estar se esgotando a cada dia. Aprendemos a ser tolerantes com os erros dos outros e tomamos consciência dos nossos erros sem nos abatermos com eles. Aprendemos a perdoar a nós mesmos e aos outros, incondicionalmente.
Na maturidade não estamos preocupados com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito. Por outro lado, passamos a ter um profundo respeito pelos outros, passamos a vê-los como seres humanos com os mesmos direitos e responsabilidade que nos cabem. Falamos o que pensamos sem estar preocupados em agradar as pessoas, o que não deve ser confundido com falta de respeito. As pequenas coisas do cotidiano ganham significados grandiosos. Aprendemos a apreciar a natureza, passamos a contemplar o nascer e o pôr do Sol, ficamos embevecidos com a Lua, admiramos as estrelas e nos divertimos com as nuvens a formarem figuras no firmamento, relembrando os tempos longínquos da infância.
Os filhos e os netos ganham mais espaços nos nossos corações, rimos com suas vitórias e choramos com suas derrotas. As imagens deles desfilam no painel das recordações e sem pedir licença ocupam nossas mentes e nos expulsam de lá. Sem a menor cerimônia ocupam nossos corações, já não somos nós que vivemos nossas emoções, são os filhos e netos que vivem em nós como emoções vivas.
Na maturidade aprendemos a conviver com nossos amigos sem deixar que eles invadam nossa privacidade ou nos levem a fazer coisas que não gostaríamos. Aprendemos a dizer não para as pessoas sem magoá-las, com elegância e amor. Aprendemos também a ser tolerantes conosco, aceitamos nossas fraquezas e erros. Na terceira idade começamos a viver amando e respeitando a Vida.
João Pessoa, 29 de novembro de 2007.