Um grito preso na garganta
não consegue se libertar
e pelo espaço ecoar.
Um desejo preso no peito
não consegue se libertar
e ao mundo se revelar.
Uma vontade presa na alma
não consegue se libertar
e no cotidiano se realizar.
Um sonho preso na noite
não consegue se libertar
e ao dia se revelar.
Um pão não servido
não consegue se libertar
e matar a fome do faminto.
Uma água não servida
não consegue se libertar
e matar a sede do sedento.
Uma obra presa na gaveta
não consegue se libertar
e fecundar outras mentes.
Um amor preso no coração
não consegue se libertar
e a outro coração se desnudar.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 17 de março de 2006.
João Pessoa, 17 de março de 2006.