Vivo hoje o crepúsculo vespertino
da existência que recebi da Vida.
Analiso os caminhos percorridos
penso no que desejei ser
mas não sou.
Gostaria de ser livre como uma ave
que voa para onde quer.
Mas vivo acorrentado
aos meus conceitos e preconceitos
que não me permitem voar.
Gostaria de ser leve como uma pluma
que é carregada pela brisa.
Mas sou pesado como uma âncora
que quando é solta
prende a embarcação no mesmo lugar.
Gostaria de ser forte como uma rocha
que permanece firme
apesar dos ataques que recebe.
Mas sou frágil como folha de papel
que se rompe ao primeiro impacto.
Gostaria de ser flexível como a grama
que se curva diante da tempestade
e não é mutilada.
Mas sou inflexível como uma árvore vetusta
que é partida ao meio e carregada
por uma tempestade forte.
Gostaria de ser tantas coisas
mas apenas sou
o que fiz de mim…
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
João Pessoa, janeiro de 2018.