Levanta o corpo cansado da humilde rede
armada no próprio imóvel em construção.
Prepara-se para mais um dia de trabalho
no imóvel que depois de pronto
não lhe permitirão sequer olhar.
Examina a construção luxuosa
que o seu salário não pagaria o consumo de energia
e se perguntas por que uns têm tanto
enquanto outros têm tão pouco?
Qual a razão de tantas desigualdades?
Toma o magro café da manhã,
fica a observar o despertar
das luxuosas mansões vizinhas.
As crianças daquelas casas são levadas em automóveis
para colégios e universidades,
enquanto seus filhos estão nas ruas
em busca de uns trocados para aliviar a fome.
A sirene toca,
é o início de mais uma jornada de trabalho,
anestesia a mente,
entrega-se como máquina à rotina do seu dia.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 21 de novembro de 2003.
João Pessoa, 21 de novembro de 2003.