Noturna – Eliane Duarte – 08/02/13
Entregue a morna serpente Que filtra a paisagem O poeta declina sua lâmina E a lança na nostalgia louca Seguindo seu caminho De porta em porta Rondando casas, mulheres, abrigos E diz ao vento hora turvo Liberta-me de sua aragem E me faz perfume Para a terra molhada Nas invernadas do meu pranto Conduz-me a luz da lua Expulsando a madrugada fria Orna de inquietas madressilvas A face das virgens florestas Não permita aos pirilampos Esmagar as joaninhas A vida detém todo o mistério Oculto na frágil espinha E o homem a beira do poço Encara no espelho a morte Breve oscila a paixão a flor da pele Embevecido o mel que vem da boca Riscam na parede os açoites Somem inelutáveis arrepios Ziguezagueando as carícias mágicas O orvalho repousa sereno Dissolvendo o clarão da noite Poetisa carioca radicada no Recife com várias Antologias publicadas.