Aprendiz de tudo
Mestre de nada.
Ferreiro do cotidiano
A martelar os dias.
Engenheiro de sonhos
Na aventura da vida.
Pintor de sutilezas nas
Paredes do destino.
Cantor de teatro
Sem palco e sem plateia.
Enfermeiro da infelicidade alheia,
A trocar ataduras.
Aprendiz de tudo
Mestre de nada.
Pedreiro de poucos tijolos
E muitas lágrimas nos olhos.
Maestro de orquestras
Sem músicos.
Dançarino congelado no salto,
No ar, como quem apaga a luz.
Trapezista no super mortal
De costas com capuz.
Padre de poucas confissões e
Muitas procissões.
Aprendiz de tudo
Mestre de nada.
Ator de muitos textos
E de poucos sucessos.
Cozinheiro de pratos variados,
Assados, quentes e frios.
Marinheiro de poucas viagens
E de mares imensos.
Instrumentista de poucos acordes,
Mais de muitas emoções.
Professor por compreensão,
A bem da verdade.
Poeta por necessidade
E nunca por vocação.
Aprendiz de tudo
Mestre de nada.
À vontade de saber,
Ver, sentir, pegar, viver.
Atitude curiosa
Diante da vida.
Aprendiz, sempre.
Aprendiz, eternamente.
Aprendiz e nunca mestre,
Mestre de nada.