Dorme em minha escrivaninha
as páginas em branco
de um novo ano
E não há sequer um dia
Um bem-te-vi anuncia
Nova era de amor e bem aventurança
Estás em minha lembrança
Inscrevo-me em teu voo
De solitário colibri
Há silêncios e mistérios
no amanhecer
Florescem margaridas e jasmins
Renovam-se as esperanças
E se já não ouso escrever
Um poema, uma carta de amor
É que no recôndito do meu ser
Alvorece o desconhecido
O novo repicar dos sinos
Na contramão do desamor
Sorrir ao sol de néon
Não há desejo maior
Nesta nova caminhada
Darmos uma trégua
A tudo que já se foi
Batizar a vida
Como cerimônia de renovação
Dissipar as dores
Nutrir-se da água pura
E mergulhar nas profundezas do ser.