As roseiras do jardim estão cobertas de rosas, todas tão belas, coloridas e cheirosas, enternecem quem delas se aproxima. Algumas são botões, enquanto outras já desabrocharam. Elas conversam com uma criança que as observa e sente seus perfumes, encantada com a delicadeza e beleza das rosas.
− O que vocês mais gostam nos seres humanos, pergunta a criança para as rosas.
− Não sei, diz um botão de rosa que ainda não desabrochou.
− Vocês convivem com os seres humanos, devem ter uma opinião quanto ao modo como são tratadas, coloca o garoto.
− É claro que temos opiniões acerca dos seres humanos. E a opinião de cada rosa é o reflexo das suas vivências com os humanos, coloca uma rosa cujas pétalas começaram a cair, está vivendo suas últimas experiências de vida.
− Você disse que cada rosa tem opinião diferente sobre os seres humanos, de acordo com suas vivências com ele, coloca o garoto. É isto?
− Exatamente isto! A primeira vivência de uma rosa com um ser humano pode determinar o modo como ela perceberá o ser humano nas experiências futuras. Isto pode levar a equívoco, uma experiência boa ou ruim pode levar a rosa a deduzir que as próximas experiências serão iguais. Além disso, a experiência mais recente pode determinar o sentir da rosa, caso tenha sido muito forte.
− Caso eu tivesse colhido uma destas rosas, ela olharia para mim como a causa da dor da separação da roseira que a gerou?
− Quando uma pessoa colhe uma rosa, ela causa dor para a rosa e para a roseira, apenas não tem consciência deste fato real que a ciência já registra nas suas experiências. Um dia todos os seres vivos serão tratados com amor, o ser humano apreciará a rosa sem sentir necessidade de a separar da roseira, apenas para satisfazer seu capricho de possuir sua beleza por um breve instante…
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
João Pessoa, janeiro de 2016.