Procurando alguma coisa?

Crônicas

Uma viagem interior

Meu pensamento vadio corre inquieto sem saber o que busca. E por não saber o que deseja, afasta-se da terceira idade, passa pelas recordações da idade adulta e invade a juventude, adentra-se pela infância. E lá na infância vejo um garoto cheio de interrogações e desejos de compreender o mundo. O pensamento retorna célere para a terceira idade, vejo um homem com sessenta e oito anos, o corpo bem diferente daquele corpo do garoto que vi há poucos instantes. Todavia, a cabeça continua cheia de interrogações, tanto quanto na infância. O que mudou? Constato, nesta viagem interior, que ocorreram muitas mudanças, mas duas são fundamentais: a aparência física e a qualidade das interrogações.

O garoto imaginava que a idade adulta responderia a todas as perguntas. Ledo engano, o passar dos anos mudou apenas o tipo de interrogação, as dúvidas infantis transformaram-se em dúvidas juvenis, passaram pela fase adulta e chegaram à terceira idade, bem mais robustas e difíceis de serem respondidas. O homem na terceira idade é tão inquieto quanto o garoto, mas agora não aceita como verdadeira as respostas que recebe, seu sistema de absorção de novas informações é bem mais complexo.

As vivências de cada fase da vida trouxeram experiências e muitas respostas para as perguntas da fase anterior, mas cada resposta obtida traz oculta, no seu âmago, muitas indagações que somente eram reveladas à medida que o pensamento analisa as respostas encontradas. Em outras palavras, cada resposta gera novas perguntas, as interrogações surgem avassaladoras e algumas perguntas não são respondidas.

As perguntas fundamentais continuam sem respostas: O que é a Vida? Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Muitas filosofias e religiões pretendem responder a estas perguntas, mas suas respostas exigem que se acredite no que eles dizem, abdicando do raciocínio e da lógica. É necessário ter a mente aberta como a de uma criança para buscar e não rejeitar as respostas, mas é necessário ter o discernimento do adulto para separar o certo do errado. Ser livre como a criança e ter a capacidade de avaliação do adulto são requisitos necessários para avaliar a Vida.

E aqui estou eu a pedir a sua ajuda. Como posso ter a pureza da criança e a capacidade de avaliação do adulto para encontrar estas respostas? Será que existem respostas para as perguntas fundamentais?

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 20 de Fevereiro de 2012.

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