Era uma vez, há muito tempo atrás, um poço de água pura e cristalina, ao seu derredor existiam árvores frondosas que forneciam, em abundância, frutos saborosos e sombra para os que passavam por aquele local. Mas os que viajavam por ali não tinham cuidado com a natureza, cortavam as árvores para vender a madeira na cidade e jogavam pedras no poço, somente para escutarem o barulho que faziam ao atingirem a água. Os anos foram passando, a depredação do poço e das árvores era cada vez maior, até que um belo dia não mais existiam árvores para dar frutos e sombra para os viajantes, o poço foi soterrado, não existia água para matar a sede.
Ao constatarem a inexistência de água e de um local para descansarem da caminhada pela estrada, os viajantes apenas lamentavam o fato do poço ter secado e de não mais existir uma sombra. Nada faziam para mudar aquela situação, apenas reclamavam, sem terem consciência de que eram os causadores do sumiço da água que mata a sede, dos frutos que matam a fome e da sombra que aliviava o calor da caminhada. As viagens por aquelas paragens tornaram-se mais difíceis sem o poço e as árvores, mas nada era feito para mudar a situação.
Um dia um homem sábio e os seus discípulos, ao passarem por aquele local, procuraram o poço para matar a sede, não encontraram água, apenas pedras e areia a cobrirem o poço. O sábio olhou ao seu derredor e verificou que não existia uma sombra para se abrigarem do sol e aliviar o cansaço da estrada. Sem nada dizer, o sábio chamou seus discípulos e começaram a retirar a areia e as pedras do poço. Após algumas horas de trabalho árduo, a água apareceu novamente. Como a noite se aproximava eles acamparam ali mesmo.
No dia seguinte, o sábio mandou alguns discípulos irem até o local mais próximo, com a finalidade de adquirir algumas mudas de árvores frutíferas e provisões para eles acamparem durante algum tempo à beira do poço. O sábio e os seus discípulos plantaram muitas árvores ao redor do poço e todos os dias regavam as árvores e plantavam novas mudas.
As pessoas que passavam por aquela estrada, ao verem as mudanças ocorridas, examinavam novamente o poço e se admiravam por encontrarem água. O sábioexplicava para elas porque o poço secara, ensinou como deviam cuidar do poço e das árvores. Depois de alguns meses o sábio e os seus discípulos seguiram seu caminho. O poço até hoje mata a sede dos que o procuram e as árvores dão frutos e sombra. Os que por ali passavam tinham finalmente entendido a necessidade de cuidarem do poço e das árvores.
A relação entre duas pessoas é um “local” que se assemelha ao poço e ao arvoredo desta pequena história, se deteriora quando não existe respeito. Quando, em um relacionamento, as pessoas não se respeitam, não encontram alento para o corpo e para a alma. Quando bem cuidado, um relacionamento mata a sede e a fome dos que nele estão envolvidos. Necessitamos aprender a não jogar pedras no poço e a não derrubar as árvores.
João Pessoa, abril de 2006.