Procurando alguma coisa?

Crônicas

Morena

Suave é a brisa a acariciar o rosto, os cabelos e o corpo daquela morena, cujo andar provocante parece convidar os que com ela cruzam a dizerem algum gracejo acerca do seu rebolado. A expressão do seu rosto é de indiferença, como se não percebesse que é o alvo do desejo de tantos homens, a lhe endereçarem gracejos e cantadas, algumas graciosas, outras grotescas e deselegantes. Ela segue seu caminho sem dar atenção ao que escuta, mas a um observador atento ela dá a impressão de que saboreia os desejos que desperta nos homens, pois passa a balançar os quadris de maneira ainda mais provocante, num rebolado sensual a enlouquecer alguns homens e a receber olhares de censura de algumas mulheres. Ela tem uma maneira sensual de andar, o seu balançado é um convite para os homens fixarem os olhos na sua bunda.

Os raios do sol batem no seu corpo, beijam carinhosamente cada milímetro da sua pele morena. Os raios do sol lamentam não poderem beijar as partes cobertas pelo minúsculo biquíni. Os homens também lamentam não serem convidados a tocar aquele corpo sensual, cujo remelexo atrai tanto os olhares quanto os desejos masculinos. Ela sente satisfação em atrair a atenção dos homens, mas faz de conta que não vê e não escuta nada, finge estar alheia a tudo. Entretanto, está atenta a cada olhar e a cada palavra que lhe é dirigida, saboreia uma satisfação interior ao se sentir alvo da atenção masculina e dos olhares de inveja das mulheres. Tal satisfação se reflete no seu rosto e no seu rebolado, todo o seu corpo vibra de satisfação ao sentir o fascínio que exerce sobre os representantes do sexo masculino, súditos da sua beleza.

Nos dias em que vou até a praia e a maré esta baixa, algumas vezes eu a vejo caminhar pela areia, deixando que o mar beije seus pés e os olhares dos homens devorem o seu corpo. Algumas mulheres olham o corpo dela com ar de indignação, como se ela tivesse culpa por elas terem um corpo tão mal feito e por ter ela nascido tão bela, atraindo os olhares cobiçosos dos maridos delas. Gostaria de ser um escultor para grafar em pedra a beleza daquele corpo moreno, pois as palavras são carregadas pelo vento e esquecidas depois de breve período de tempo.

Os pés da morena são beijados pelas ondas do mar e ficam cobertos pela espuma branca das ondas que se deixam absorverem pela areia, satisfeitas por terem tocado apenas seus pés. Saboreando a atração provocada sobre o sexo masculino, elasegue sua caminhada, fingindo estar alheia ao que se passa ao seu derredor, como se não percebesse a avidez dos olhares masculinos. Fico observando sua silhueta a diminuir de tamanho à medida que ela caminha. Depois de algum tempo ela se torna um pequeno ponto, igual aos outros pontos que naquela direção caminham. Olhadas de longe todas as pessoas são apenas pequenos pontos no horizonte, não existem distinções entre elas.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, abril de 2007.
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