Procurando alguma coisa?

Crônicas

Indagação Fundamental

Mais uma vez olho para mim e indago: quem sou eu? Penso nas várias maneiras que me foram ensinadas para responder a esta pergunta, mas depois de deixar o pensamento percorrer as várias respostas dadas pela ciência e pela religião, chego à conclusão de que não fico satisfeito com estas respostas. A mim elas parecem descrições de uma linda manhã ensolarada, realizadas por cego de nascença para outros cegos que nunca viram a luz do Sol, quem fala e quem ouve pouco sabe acerca do assunto. O cego que fala escutou alguém descrever o nascimento de um novo dia, neste caso ele conhece apenas uma descrição de uma pessoa referente ao nascimento de um determinado dia, não viu o nascimento do Sol e ele não leva em consideração as diferenças que ocorrem de um dia para outro. O cego perde um número grande de informações que são fornecidas pela visão, portanto, a sua descrição é limitada, ou melhor, é mais limitada do que a descrição dos que têm visão.

Gostaria de ver a cara de espanto de algumas pessoas ao lerem o parágrafo anterior. Eles têm uma resposta pronta e decorada para esta pergunta fundamental, cujo conteúdo varia de acordo com suas crenças e formações profissionais, mas cada um pretende que a sua resposta seja considerada a única correta. Vã pretensão! O ser humano quase nada conhece da Vida e sua origem, mas tem uma resposta fabricada para esta pergunta fundamental.

Não sou contra a ciência e/ou a religião, apenas desejo ressaltar que elas são frutos das maneiras como determinados seres humanos vêem a realidade que os cerca. Tanto a ciência quanto a religião são tentativas do ser humano explicar a realidade que consegue ver ou deduzir. Observe como o discurso das pessoas muda com a passagem do tempo, o que é ótimo, pois mostra evolução, embora exista involução em determinadas épocas da história da humanidade.

Ciência e religião, dizem as pessoas que estudam o assunto, são apenas caminhos diferentes para explicar a realidade. Isto pode escandalizar alguns “sacerdotes”, tanto da ciência quanto da religião, mas é a conclusão a que já chegaram muitos cientistas e religiosos. Vale ressaltar que a Vida segue seu curso natural, sem incomodar-se com as maneiras como nós tentam descrever ou aprisionar a sua exuberância, através dos nossos conceitos estreitos.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 12 de Março de 2013.
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