Procurando alguma coisa?

Crônicas

Faz Tempo

Faz tempo que não deito em uma rede e fico a balançar, pensamento à-toa, coisa de nordestino aposentado. Deixar as lembranças fluírem, ora como um rio manso e límpido, ora como um rio impetuoso e de água turva, apenas olhando cada recordação trazida pelo pensamento à-toa, sem realizar juízo de valor.

Faz tempo que a Musa da Música não me visita, ela cansou de ditar letras que escrevo sem encontrar alguém para musicar. Escrever música é uma arte muito complexa que tive a oportunidade de estudar e não quis por ser desafinado, idiotice minha, uma coisa nada tem a ver com a outra.

Fazia tempo que as Musas não me visitavam, neste final de semana vieram quase todas e encheram a minha alma de alegria.

Fazia tempo que não chovia tanto. Ontem e hoje choveu pelo mês todo, um exagero. Não consigo entender a natureza, em muitas coisas ela é do tipo: oito ou oitenta.

Faz tempo que não vejo a namorada, já não lembro como é o rosto dela e qual o sabor do seu beijo.

Faz tempo que não vejo uma paraibana capaz de encher a minha alma de poesia. Necessito sair por aí à procura de uma nova Musa.

Faz tempo que vivo sozinho, não sei se ainda serei capaz de dividir o mesmo espaço físico com outra pessoa até que a morte nos separe.

Faz tempo que procuro conhecer a mim mesmo, mas até hoje os resultados são pífios.

Faz tempo que vivo a lubrificar o eixo do tempo e a cada dia fico mais encantado com tal atividade.

Faz tempo que não encontro uma alma capaz de confessar seus sentimentos de modo aberto, sem se incomodar com as críticas que esta confissão possa deflagrar nas almas pequenas.

Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, Abril de 2013.
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