Bate coração, bate no compasso da vida exuberante, canta de alegria pelos amores que ainda virão, chora calado as tuas dores pelos amores que se foram. Bate coração, bate novamente por todas as mulheres, há muito que estás hibernando, a primavera já chegou e ela é a estação do amor. Bate coração, bate pelas mulheres de todas as idades, bate pelas altas e pelas baixas, bate pelas gordas e pelas magras, bate pelas feias e pelas bonitas, bate por todas as mulheres, sem distinção de cor ou de raça.
O meu coração é velho e safenado, mas desperta com alegria para a Vida mal a noite empalidece e faz uma oração ao Criador, agradece a benção de mais um dia de existência. Quando a Inspiração dorme com ele, ao despertar vai direto para o computador e as palavras pulam céleres para o “papel eletrônico”, em pouco tempo está concluído um conto ou uma crônica ou uma poesia. Quando a Inspiração o abandona, ele passa horas diante da tela do computador sem conseguir escrever um parágrafo. Por conviver com ela há alguns anos, posso afirmar que a Inspiração é uma mulher caprichosa. Quando eu estou namorando alguém que ela não gosta, ela me visita poucas vezes e costuma desaparecer sem dar notícias. Quando namoro alguém que ela gosta, ela costuma ficar semanas comigo no meu apartamento, é uma bigamia inspiratória, pois a outra também toca as cordas do meu coração. A Inspiração também fica comigo quando estou sem namorada, ela é uma amante fiel e conhece os recantos mais recônditos de minha alma. Às vezes ela é indiscreta, deixa escapar alguma coisa do que não gosto de revelar.
A Inspiração me disse que ela se alimenta de amor e que o amor é atemporal, esteja no coração de um jovem ou de um idoso, ele é capaz de se manifestar com a mesma intensidade, pois o amor é gerado pela essência espiritual e o corpo apenas expressa algumas das formas que o espírito utiliza para expressar o amor.
Os anos de estrada nos trazem a capacidade de entender melhor os outros corações, pois o tempo embora afete o físico, melhora a capacidade de entender o próximo e de amá-lo. O espírito se assemelha ao vinho, quanto mais velho melhor.
João Pessoa, novembro de 2006.