– Oi, sou eu, diz uma voz quando atendo o telefone.
– Meu Deus, quanto mais eu rezo, mais me aparece assombração! Quantas vezes eu terei de dizer que não quero nada com a senhora. Tenho compromisso com uma pessoa e a senhora é casada, portanto, sem chance de relacionamento. A senhora pode não ter princípios morais, mas eu costumo conduzir minha vida de acordo com a máxima cristã que diz: fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem.
– Abra a porta do seu coração e me deixa entrar.
– A senhora é surda ou retardada? A senhora é casada, o que é motivo mais do que suficiente para não ficar procurando homem fora do lar. Respeite sua família, respeite a si mesma.
– Não ligo para o que você diz, quero você dentro de mim.
– Xô, xô.
– O que você quer dizer com isso? Está me chamando de galinha?
– De modo algum, tenho um profundo respeito pelas galinhas e jamais passaria pela minha cabeça uma idéia tão vil, eu não ofenderia desta maneira as galinhas.
– Você está me ofendendo!
– Não sou eu quem lhe ofende. A sua conduta de mulher adúltera ofende a sua família e mancha a sua alma.
– Nunca mais falo com você.
– Amém. Louvado seja Deus!
João Pessoa, 7 de Dezembro de 2010.