No final de cada ano fazemos para nós as mesmas promessas de anos anteriores: vamos mudar muitas coisas nas nossas vidas! Durante toda a última semana do ano fazemos mil planos de mudanças, algumas pessoas compram roupa nova e sapato novo para a passagem do ano, esquecem apenas um pequeno detalhe à-toa, não são as roupas que necessitam ser renovadas. Tão logo cessem as festividades do Ano Novo as nossas promessas de mudanças se esfumaçam no ar e são lembradas apenas um ano depois, no final do mês de Dezembro. É sempre a mesma coisa e a maioria de nós não se dá conta de que adota tal tipo de comportamento.
A mudança é um processo contínuo, executado a cada dia e sem data marcada para o seu término, nem o fenômeno que apelidamos de morte interrompe tal processo. O nosso problema é começar o processo de mudança pelos nossos grandes defeitos, que são bem difíceis de erradicar, são as nossas velhas manias de querer fazer coisas grandiosas. Como muitas vezes estes defeitos estão muito enraizados nós fracassamos. O segredo ensinado pelos especialistas em mudanças é começar com pequenas coisas, exatamente com aquelas tão insignificantes que serão vencidas rapidamente e nos trarão aquela sensação de vitória, o sentimento de que nós somos capazes de mudar. À medida que formos eliminando as pequeninas coisas vai acontecendo um fenômeno curioso: vamos sendo capazes de ir eliminando defeitos cada vez maiores.
Certa vez alguém fez uma imagem muito interessante sobre nossos grandes defeitos: eles se assemelham a uma grande muralha. Quando nos jogamos contra a muralha tentando derruba-la, costumamos nos machucar, mas se começarmos a remover a terra e as pequenas pedras que são o alicerce da muralha, ela terminará caindo. Este mesmo processo é válido para eliminar as virtudes, começamos a fazer pequenas concessões, isto é, abrir pequenas brechas por onde se infiltram os defeitos. Com o passar do tempo as pequeninas frestas terminam se transformando em largas avenidas e eliminando nossas virtudes. O processo é o mesmo quando se trata de defeitos, a eliminação de pequenos defeitos também ajuda na eliminação dos grandes defeitos que todos nós temos.
Vamos começar de maneira diferente este Ano Novo. Em primeiro lugar não vamos fazer nenhuma promessa de mudança de vida, vamos apenas identificar pequenos defeitos e vamos começar a eliminá-los, sem fazer juras de quaisquer espécies, apenas joga-los bem longe de nós. Ao mesmo tempo começamos a adquirir pequenas virtudes, daquelas que não custam esforço para sua obtenção. As duas coisas devem ser realizadas ao mesmo tempo: adquirir pequenas virtudes e eliminar pequenos defeitos. É sinal de prudência e sabedoria não ter pressa nesse processo, o erro mais comum é querer acelerar o processo de mudança e/ou após algumas pequenas vitórias achar que estamos prontos para enfrentar os grandes defeitos.
Vitórias e derrotas vão acontecer nas nossas existências, guardemo-las para nós, transformemo-las em lições capazes de serem usadas para acelerar o processo de mudança, durante todos os anos que a Vida nos presentear. Não fiquemos felizes com nossas vitórias, tampouco fiquemos tristes com as derrotas, elas fazem parte do processo de mudança e a vida é um processo contínuo de mudança, algumas para melhor e outras para pior, mas a escolha da direção da mudança é sempre nossa. Nós somos os produtores e os produtos finais dos nossos sentimentos, pensamentos, palavras e atos.
Adotemos neste Ano Novo uma atitude de “aceitação ativa”, isto é, não perdemos tempo a lamentar os fatos negativos que nos acontecem, agimos no sentido de mudá-los imediatamente, sem perda de tempo com lamentações e sem nos deixar abater por coisas que sempre acontecem na vida de todo ser humano. Vamos adotar também uma atitude muito salutar para a nossa saúde: vamos deixar de ficar comentando com outras pessoas os fatos negativos que acontecem conosco e com os outros. Vamos deixar de escutar fofocas e lamentações, afinal de contas os nossos ouvidos não são pinicos para jogarmos tanta sujeira neles, a respingarem nas nossas almas.
Neste Ano Novo vamos aprender a falar carinhosamente e distribuir os nossos sorrisos mais belos com as pessoas que amamos. Sorrir não custa nada e pode trazer tantos benefícios para as pessoas que os recebem. Vamos cumprimentar as pessoas que cruzam nosso caminho e desejar-lhes um dia maravilhoso, mesmo que não tenhamos sido apresentados para elas. Vamos abraçar e beijar carinhosamente as pessoas que nos cercam e dizer a elas quanto nós a amamos. Vamos fazer tudo isso sem nenhuma promessa, nós apenas vamos entrar no fluxo da Vida e vamos agir de maneira positiva, com muito amor, durante todos os dias do ano, pois é tempo de Vida Nova!
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, dezembro de 2006.