Ao tomar conhecimento
da perda da visão física
a surpresa calou a minha voz
que se recusa a falar de dor
pois prefiro cantar o amor.
No primeiro momento chorei
a dor da cegueira cruel
que já se avizinha
a afetar a visão das coisas materiais,
mas a visão do espírito se abriu.
Essa nova dor que já chegou
eu a acolherei sem revolta,
mas lutarei ferozmente contra ela
até a última réstia de luz.
Quando a escuridão enfim chegar
eu a receberei de braços abertos
como mais uma lição da Vida
a mim oferecida.
A verdadeira cegueira
não afeta o corpo
apenas a alma
cuja chama nada apaga.
Continuarei a clamar:
bendita seja a Vida
por mais esta dor
que burila minha alma.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
www.marcosfernandes.org
João Pessoa, 11 de fevereiro de 2006.
João Pessoa, 11 de fevereiro de 2006.