Procurando alguma coisa?

Obras de Amigos

Bêbado e equilibrista – Ivaldo Gomes

Todos nós,

Tomamos algumas.

E de ‘algumas em algumas’,

Vamo-nos afundando.

Parece mais um

Barril de rum.

Afogado…

 

De pólvora,

Prestes a estourar.

E beber cada vez mais.

Deve ser bom

Para os fabricantes.

Brincantes da dor alheia.

 

Alheio do presente.

Presente? Pressente o fracasso,

Fraco, alquebrado,

Dos dias bêbados.

Como um gambá.

 

Guaraná? Enferruja!!!

Dá diabetes.

Água só se for ardente,

Quente, indolente,

Semente de ser e será.

Será?

 

Tenho dúvidas.

Mas o que seria do homem

Sem dúvidas?

O álcool é sempre uma saída,

Ao fundo, à francesa.

Cadê ela?

Passarela?

Para onde?

Pro bar?

 

De novo, todo dia.

A mesma cerveja,

A mesma pinga.

Pinga em mim!!!

Bêbado!!!

 

Em paz com seu alcoolismo.

Bêbado anônimo?

Nunca!!!

Pelo menos conhecido.

 

Todos nós temos

Um pouco de bêbado.

Bebemos tudo o tempo todo.

Todo? Tudo?

Nem sempre.

 

Garçom?

Mais uma.

A saideira…

A derradeira…

A última…

Que tal a penúltima…

Do dia, da noite,

Da madrugada.

 

Manda a empregada comprar

A bebida!

A vida engarrafada.

Felicidades em garrafas.

Em tragos, homeopáticos.

Isso não tem fim?

 

A fabricação é sempre

Maior que o consumo.

Não vamos ganhar da fábrica.

Que me importa isso

Se estou embriagado

E você?

 

Garçom mais uma!

É a saideira?…

 

Com certeza a última.

Ainda bem.

Bêbado!

Mais feliz.

 

Por um triz,

Mais feliz.

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